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Memórias da alma

  • Lívia Cantisani Shumiski
  • 28 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 10 de set. de 2020

Para se lembrar ou lembrar alguém.



Sempre achei tão interessante nossa relação com a memória. E a habilidade que temos de registrar em nossa mente imagens, cheiros, sentimentos, faces e acontecimentos dos mais variados. Sejam eles marcantes ou de certa forma insignificantes.

Muitas vezes me surpreendo quando meus filhos contam sobre memórias de coisas tão simples que aconteceram quando eram ainda tão pequenos.

Eu mesma, depois da experiência de me esforçar para lembrar os detalhes dos momentos ternos de quando meu primeiro filho era bebê. Eles estavam lá mas vão ao longo dos anos perdendo a nitidez. Já na segunda experiência de ter novamente um bebê em meus braços, lembro de que enquanto amamentava fechava os olhos e pensava “quero registrar esse momento na memória”.

É certo que também há muitas memórias que não gostaríamos de ter gravadas. Cenas, dores, traumas, situações que nos marcaram profundamente e ainda nos perseguem.

Contudo, nós registramos em um certo tipo de HD cerebral aquilo que chamamos de memória. Claro que existem explicações em termos muito mais técnicos para essa função do nosso cérebro, mas certamente ainda não desvendamos tudo. E certamente não iremos saber tudo sobre essa incrível habilidade que Deus nos deu.

Recentemente li por completo o livro que o profeta Jeremias escreveu e que está no Velho Testamento, chamado, Lamentações de Jeremias. (Uma lamentação sobre a destruição de Jerusalém no período do exílio babilônico)

Provavelmente este não é um livro da Bíblia que escolhemos naturalmente ou preferencialmente para meditar. Há muitas lágrimas. Mas acredite, há grande Graça e esperança no lamento. As lágrimas derramadas dia e noite em arrependimento, lamento pelo pecado, pelo afastamento do coração de sua fonte de alegria, o próprio Deus, é um instrumento de grande consolo. Nenhuma lágrima derramada diante de Deus é em vão.

O trecho mais famoso deste livro encontra-se no capítulo 3. E alguns versos específicos nos falam sobre memória. Sobre lembrar.

“Lembro-me da minha aflição e do meu delírio, da minha amargura e do meu pesar. Lembro-me bem disso tudo, e a minha alma desfalece dentro de mim. Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor.” Lamentações 3:19-26 NVI

Não esquecemos, não se apaga completamente aquilo que nos causou tanta dor, aflição e angústia. Aconteceu. Foi real. Estivemos lá. Mas passou. Agora o que fazemos é lembrar.

Eu lembro de dias difíceis. Dias que as lágrimas rolaram quase que sem parar. Posso lembrar com emoção que revelam marcas. Tanto é que Jeremias disso “lembro-me disso e minha alma desfalece dentro de mim.” A alma tem memória.

E é inevitável termos memórias de dores. Vivemos em um mundo quebrado, desfacelado pelo engano do pecado. O homem escolheu se afastar de Deus. Nascemos em pecado, e longe de Deus não encontramos nada a não ser tentativas frustradas de nos guiar em caminhos tão tortos em busca realização pessoal, resumindo, felicidade.

Nossa alma clama por voltar pra casa, para nosso lar. Como disse Agostinho de Hipona, meu coração inquieto só encontrará descanso em Ti. Deus é o lar da nossa alma e nada supera nossa necessidade de voltar para o autor do nosso descanso perfeito.

John Piper disse em seu livro “O sorriso escondido de Deus”: “Deus, por vezes, retira o descanso de nossas almas, não para nós fazer infelizes, mas para que o desassossego nos lance em seu peito.”

Não são as circunstâncias, nem mesmo nossas feridas do passado, ou as pessoas a quem culpamos e sim o que tudo isso revela do nosso coração. Ansiamos por sossego, ansiamos por descansar nos braços do nosso de um Pai Redentor. E mesmo que em nenhum momento tivéssemos as marcas que temos, ainda assim, esse seria (e é) o nosso maior anseio.

Os “Todavias”

O lamento de Jeremias continua e ele diz: “Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança...”.

Ah como eu amo os "TODAVIAS" da vida, mas sobre todos os que encontramos na história de Deus. Não se trata apenas de uma palavra que liga duas orações e exprime uma ideia de oposição. Vai além, é uma virada de 180 graus.

Se estou seguindo neste caminho, houve uma intervenção radical que mudou tudo. Transformou tudo. Nada mais está como era antes.

Em Efésios 2 encontramos mais um todavia:

“Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência. Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira. Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida com Cristo quando ainda estávamos mortos em transgressões—pela graça vocês são salvos.”
Efésios 2:1-5 NVI

Cristo chegou e cravou um “Todavia” em nossa história. Sendo assim, nos inserindo em uma História completa, vitoriosa, épica chamada Evangelho.

Ele entra nas nossas memórias de dores e aflições. Ele entra nas nossas lembranças mais escuras e toma para si, por um preço de sangue, o direito de escrever em letras garrafais um TODAVIA definitivo.

Voltemos à Jeremias:

“Todavia, lembro-me também do que pode me dar esperança: Graças ao grande amor do Senhor é que não somos consumidos, pois as suas misericórdias são inesgotáveis. Renovam-se cada manhã; grande é a sua fidelidade! Digo a mim mesmo: A minha porção é o Senhor; portanto, nele porei a minha esperança. O Senhor é bom para com aqueles cuja esperança está nele, para com aqueles que o buscam; é bom esperar tranquilo pela salvação do Senhor.”
Lamentações 3:19-26 NVI

Você se lembra? Você foi encontrado, alcançado. Antes um escravo, agora um refém da Graça de Deus. Estamos presos neste amor eterno, cujos braços nos enlaçam para sempre. Os braços estendidos de Cristo na Cruz tomaram sobre si (e tomam ainda) aqueles que buscam memórias melhores.

Lembrar é necessário. Lembrar do que nos traz esperança. Lembrar de quem nós somos em Cristo. De uma vez por todas.

Nunca confie que a memória de hoje bastará para amanhã. É preciso lembrar todos os dias. Cultivar memórias na esperança do Evangelho. Como regar as sementes até germinar e continuar, até que a planta brote e continuar, nunca parar de lembrar.

Você e eu, ainda tão cheios de embaraços, nos esquecemos. Nosso coração sofre de amnésia por ser assediado o tempo todo por outros interesses.Nossa mente precisa ser cheia dia após dia das Verdades da Graça de Deus.

Grande parte da vida cristã é lembrar. E grande parte da vida cristã é direcionar sua mente e seu coração para O caráter imutável de Deus. Jeremias, em lamento, nos ensina a rememorar:

  • As misericórdias do Senhor são inesgotáveis;

  • Elas se renovam todas as manhãs;

  • Grande é a Sua fidelidade;

  • A minha porção é o Senhor, nele porei minha esperança;

  • Bom é esperar no Senhor!


Diga a si mesmo e nunca desista de lembrar a alguém. Vamos sempre recontar as misericórdias de Jesus na presença de pessoas desencorajadas. Seja alguém que refresque a memória do coração de outrem.


Você também pode ouvir este texto aqui:







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